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Antoine-guillaume AMO ou Amo Guinea Afer(1703 – 1753): Dos Direitos dos africanos na Europa
Vida e Obras
Amo nasceu por volta de 1703 em Axim, no sudoeste do que é hoje o Gana. Vendido criança como escravo, ele passou pelas mãos de vários mestres até chegar na Alemanha onde ele foi batizado em 29 de julho de 1708 em Brunswich-Wolffenbüttel na Igreja Luterana. Estudou filosofia na Universidade de Halle e Wittenberg, onde defendeu sua tese em 1734: De Humana Lies Apatheia(Da impassibilidade da mente humana), sob a direção de Martin Löscher.
Em 1738, ele publicou um livro de lógica e psicologia do conhecimento sob o título: Tractatus de arte sobrie et precisionphilosophandi (A arte de filosofar com sobriedade e precisão). Na Universidade de Halle, A-G. Amo também se registrou em direito e lá, em 1729, defendeu uma tese interessante para o nosso propósito: DissertatioInauguralies de iureMaurorum in Europa (Dos Direitos dos Africanos na Europa). O texto da tese está perdido, mas um resumo está conservado nos Anais da Universidade de Halle. Em 1753, Amo volta para a sua terra natal em Axim. Lá, viveu como um eremita e adquiriu uma reputação de “adivinhador”. Não sabemos nada sobre a data e o local de sua morte.
Dos Direitos dos africanos na Europa
Do latim Dissertatio Inauguralies de iure Maurorum in Europa (língua de estudo da época na Europa) essa tèse assinada com um novo nome,Amo Guinea Afer ou seja Amo africano de Guiné, é todo um programa. Porque na época, na Europa, todo negro era suposto ser escravo mas, nosso autor mostra nesta tese que não tem nenhum motivo para afirmar isso. Ele defende que é absurdo que os negros ainda eram escravos nos países europeus, ditos civilizados, onde desde a ideia média se falava que nenhum homem em nenhum país europeu pode ser privado da sua liberdade. Amo argumenta então que os africanos são homens como qualquer outro homem. Por isso, eles devem gozar dos mesmos direitos que os europeus.
Amo expressa sua preocupação com a escravidão e a condição social dos negros que viviam na Europa. Não apenas, com base na lei e na história, mas ele examina sobretudo a questão de saber em que medida a liberdade e a servidão dos africanos que viviam na Europa eram conformes ou não às leis da época. Ele não deixou de criticar a cumplicidade da Igreja e dos cristãos na época no tráfico dos escravos .
O autor fez da luta contra a escravidão, cujos africanos eram as vítimas na Europa, seu cavalo de batalha. Sua luta não foi solitária no momento em que a escravidão e o tráfico de escravos estavam no auge. Outros negros estabelecidos na Europa, como Jacobus Capitein (1717-1749, na Holanda), lideraram a mesma luta que trará no século XIX algumas frutas nos vários movimentos abolicionistas de escravidão que surgem na Europa e que levaram à abolição legal do tráfico de escravos.
Bibliografia
Elikia Mbokolo, Amo le Guinéen, philosophe : son œuvre #HGARFI ép.21. https://www.youtube.com/watch?v=eo5ahXrxc-U
Paulin HOUNTONDJI Sur la philosophie africaine, Yaoundé, Ed. Clé, 1977.