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NOTA DE REPÚDIO, ALERTA E PEDIDO DE SOCORRO PARA CRIMINALIZAÇÃO DA EXPLORAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

A Comissão de SOMI – Solidariedade e Missão e de Justiça, Paz e Integridade da Criação dos Missionários Claretianos do Brasil, com a solidariedade e participação dos Claretianos de América (MICLA), manifestam seu repúdio às ações criminosas ocorridas na cidade de Brumadinho, no Estado de Minas Gerais, decorrentes de ações predatórias e exploração inconsequente geradas pela ganância e resultados financeiros que causam irreversíveis danos à natureza e sobretudo à população, enfim à Criação de Deus.
Os Missionários Claretianos do Brasil, inspirados pelas atitudes concretas de Santo Antônio Maria Claret quando das catástrofes em Cuba (1853 a 1856), expressou em sua Autobiografia (529) que: “Fiquei espantado ao ver tantas ruínas. Mal se podia transitar pelas ruas devido aos escombros.” Ainda, expondo essa difícil situação, Claret demonstra que “todo o clero se portou muito bem, dia e noite. Juntamente com todos os sacerdotes estávamos sempre entre os enfermos, socorrendo-os espiritual e corporalmente.” (cf. AUT-537). Também norteados pelo documento “Somos Missionários”, do Capítulo Geral de 2015, que expressa “o gemido da “irmã terra” e dos abandonados reclama que a humanidade ensaie outro rumo... que faça frente à exploração desenfreada, favorecida por um afã desmedido de possuir um sistema econômico profundamente injusto (cf. EG 59-60)” MS-6.
Queremos nos unir ao povo de Brumadinho-MG que hoje sofre!
O que aconteceu em Brumadinho, MG, foi um crime da mais infeliz representação e concretização do descaso de dirigentes, públicos e privados, para com o ser humano e a natureza. Não é apenas um caso de mau planejamento ou ineficiência técnica, é um verdadeiro crime que assola novamente o nosso rico país, cuja abundância natural com que Deus nos presenteou, está sendo dilapidada por interesses escusos do capital e pela corrupção de agentes que se deixam levar por vantagens pessoais.
Não se pode conceber que um dirigente de uma grande empresa como a VALE S/A possa caracterizar uma situação como essa, simplificando o caso apenas como “tragédia humana”, como se ele por isso não fosse responsável ou não venha a ser responsabilizado. 
Com o recente e histórico processo em que a Justiça brasileira endureceu o combate à corrupção penalizando e até prendendo os dirigentes de empresas privadas na operação Lava Jato, com efetiva demonstração de que a corrupção pública se combate com a desmoralização e penalização dos corruptores; com a recente prisão no Japão de um reconhecido dirigente brasileiro que, apesar de sua fortuna e influência, está preso por “simples“ corrupção comercial/tributária, não mais se pode admitir que a negligência de um corpo diretivo de uma multinacional possa ser aceita como apenas mais uma tragédia, neste caso uma “tragédia humana”. Não, foi sim crime o que ocorreu.
A natureza, a população de Brumadinho, o povo brasileiro e a comunidade internacional, requerem às autoridades brasileiras constituídas como responsáveis direta e indiretamente pela apuração dos fatos envolvendo a queda/rompimento da barragem de Brumadinho, que sejam implacáveis com os dirigentes que se omitiram na tomada de providências para que esse dano não ocorresse novamente.
Não há de se falar em caso fortuito, pois o precedente de Mariana foi o suficiente para que se preocupação houvesse, os dirigentes da VALE S/A deveriam ter deixado o lucro e sua ganância em segundo plano e priorizado a segurança de seu processo de produção, e dos dejetos e rejeitos de sua exploração mineral.
A Comissão de SOMI – Solidariedade e Missão e de Justiça e Paz, Integridade da Criação CMF BRASIL expressa aqui seu repúdio e o pedido de socorro em nome dos que não tem voz, em nome da Sociedade Civil organizada, mas não escutada, para que as autoridades constituídas abram um verdadeiro diálogo com sincera abertura para intervir nesse processo de destruição silenciosa que assola o Brasil.
A Comissão de Solidariedade e Missão dos Claretianos de América expressa toda sua preocupação e irresignação com as violações de direitos originários do povo e da natureza.
Que as autoridades constituídas tenham a firmeza, hombridade e sensibilidade humana necessárias para enfrentar o “Poder Econômico”, com a necessária agilidade processual para apuração, penalização e se for o caso, de prisão dos dirigentes de primeiro escalão das empresas responsáveis, pois só assim a exploração ambiental, a destruição de comunidades e perda de vidas humanas deixarão de ser apenas uma “tragédia ambiental ou humana”.

Não é tragédia, é CRIME!!!!

Da América, 
De São Paulo,
De Belo Horizonte,
De Brumadinho, 26 de janeiro de 2019

Comissão de Justiça de Paz e Integridade da Criação
Claretianos do Brasil

Comissão de Solidariedade e Missão
SOMI 
Claretianos de América

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